quarta-feira, 9 de março de 2011

NOSSA PANELA ENTREVISTA – DANI CASTRO – JORNALISTA GASTRONÔMICA

Carnaval agora minha gente só Ano que vem. Será ???,aqui no Brasil!!!dúvido.

Depois de quase uma semana ausente deste blog ( também tenho direito de sair no bloco das P...., né??) chego com uma entrevista incrível.


Todos sabem que Salvador é o berço de grandes ascendentes da nossa gastronomia, ícones como Teresa Paim, Beto Pimentel, Edinho Engel e dentre outros que transformaram a gastronomia local em Gastronomia Internacional da Bahia.


Marcelo Katsuki e Luciana Froes
Em cada cidade existe a mídia especializada no assunto, divulgando o que tem de melhor, como em SãoPaulo temos o Marcelo Katsuki, no Rio de Janeiro  a Luciana Froes e em cada cidade existe o seu digamos assim especialista em Gastronomia.












Em Salvador conheci e fiquei amigo da Jornalista Daniela Castro que é responsável pela coluna do Caderno 2+ e Revista Muito do jornal “A Tarde” de Salvador. É claro que ela já me entrevistou, Olha aí acima!!! tá pensando o quê???.


Daniela Castro
O trabalho deles é ajudar a promover a cultura local, os eventos, descobrir novos talentos e seres imparciais, sem levantar bandeira de um ou de outro (é claro que ela levanta a minha bandeira, rsrsrs)


Daniela já convive com as panelas desde menina e era envolvida pela sua mãe aos aromas da cozinha. Quando cresceu pensou que seria gente , ops!!!! Jornalista, e é!!!!!!. Rs rsrsrs.

Mas não deixou de lado a sua verdadeira vocação e foi cursar Bacharelado em Gastronomia pela UFBA ,então juntou o útil ao agradável e fez das suas duas paixões a sua razão de vida.


Jornalistas tem um montão por aí, mas jornalistas gastronômicos são poucos.


São poucos a entender o que se passa pela cabeça de um chefe de Cozinha e conseguir transportar para o papel, colocando toda sua emoção para que o leitor se envolva com a matéria e o faça querer comer o jornal.


Jornalistas gastronômicos tem que passar por maratonas infidáveis de degustações que podem ser diárias ou semanais. Jornalistas gastronômicos não sabem o que é dieta. Caem literalmente de boca naquilo que estãofazendo, rsrsrs...



O que na verdade eles pensam sobre a Nossa Gastronomia? O que é mais difícil da profissão, como levantar uma pauta? O que escrever para chamar atenção do leitor? Quem não gosta de estar na mídia, ser fotografado, dar um autógrafo???


Então vamos conhecer o outro lado dos bastidores através de Dani Castro ( eu tenho intimidade, por chamar assim, tá) que ainda tem pique (assim como eu) de ter um blog de gastronomia o Famoso e Internacional Pimenta e Cominho .

1 - Dani, O que é mais difícil no trabalho de um jornalista gastronômico?
Acho que o maior desafio é a carência de formação especializada. Eu comecei a escrever sobre gastronomia movida pelo gosto e por intuição. Quando estudei jornalismo nem se tocava no assunto e hoje os cursos de comunicação ainda dão pouca atenção a esse nicho. Por isso fui buscar esse conhecimento que me faltava na faculdade de gastronomia e estou tentando fazer essa soma dar certo.


2 - Vivenciar é uma coisa, como consegue passar para o papel e fazer com que o seu leitor se envolva na sua matéria?

Acho que a melhor forma de envolver o leitor é convidá-lo para relaxar e “bater um papo”. Opto sempre por falar da forma mais simples possível. E, sempre que há uma brecha, coloco uma pitadinha de humor no que escrevo. Pessoas que me conhecem às vezes comentam: “você escreve como fala, eu leio a matéria e parece que tô te ouvindo”. Sempre tomo isso como elogio, porque é sinal de que acertei no tom e consegui me aproximar do leitor.


Dani e seu amigo ,testando pratos...
3 - Como são escolhidas as pautas da semana? Quais são os critérios abordados?

Jornal e revista têm lógicas bem diferentes. No jornal, o foco está mais no factual, então ficamos sempre ligados em eventos que rolam na cidade e nos principais lançamentos literários na área de gastronomia. Na revista, os temas são mais atemporais e, quase sempre, podem ser abordados com mais profundidade. Mas em ambos tenho bastante liberdade para sugerir pautas e abordagens. A primeira regra é sempre tentar fugir do óbvio, de assuntos que todo mundo já está comentando.


4 - Onde o seu trabalho é difícil?

A parte difícil está na relação tempo-espaço, principalmente no jornal, que é diário e tem um ritmo mais acelerado. Fica sempre aquela sensação de que se tivesse tido mais tempo e mais “papel”, a matéria poderia sair melhor.


5 - Qual reportagem fez que te emocionou muito?

Não esqueço uma entrevista que fiz com o pianista João Carlos Martins, em 2009. Inclusive, foi uma grata surpresa vê-lo homenageado pela escola de samba Vai-Vai no Carnaval deste ano. Me tocou muito conhecer a história deste exímio pianista que foi a abandonar seu instrumento depois de ser vencido por uma LER. Na época em que o entrevistei, ele tinha passado por nove cirurgias e, mesmo tendo que conviver com todas as limitações de uma lesão grave nas mãos, vibrava ao falar de sua paixão pela música e pela vida. É o tipo de experiência que faz a gente rever certos conceitos, perceber que às vezes reclamamos muito por tão pouco, querer descomplicar a vida .


Geléia de Pimenta
6 - Hoje, qual ingrediente não sai da sua cabeça?

Difícil escolher um só, mas o da vez talvez seja a pimenta. Ando numas de tentar encontrar a fórmula certa para uma geléia de pimenta perfeita.


7 - Quantos eventos ou restaurantes você chega a freqüentar na semana?

Sempre visito em média três restaurantes para cada matéria da revista e um para produzir crítica para o jornal, já dá uns quatro por semana. Já o número de eventos varia, muitas vezes eles acontecem a semana toda e nem sempre dou conta.


8 - Qual foi a importância da sua família no rumo da sua profissão?

Minha família nunca influenciou muito nas minhas decisões, mas sempre me deu suporte nas escolhas que fiz. De qualquer modo, sei que meus pais deram graças a Deus quando desisti de ser médica , por mais contraditório que possa parecer – hoje, provavelmente eu teria mais dinheiro, mas eles devem ter intuído que eu precisava das palavras pra ser feliz.


9 - O que não se pode falar numa matéria?

Qualquer informação que eu tenha recebido em off ou algum comentário que pareça despretencioso, mas que não é verdadeiro ou tem a intenção de alfinetar alguém.


10 - Como você enxerga o rumo da profissão de chefe de cozinha no Brasil?

Acho que ainda daremos alguns tropeços pelo caminho, porque a profissão ganhou muito status. Antes ninguém queria ser cozinheiro, hoje todo mundo acha bacana ser chef. O problema é que quem vê só o glamour ignora que o sucesso na profissão incluiu muita ralação e salários nem sempre glamurosos. Mas sou otimista e acredito que, superada essa fase, a profissionalização vai falar mais alto a favor dos profissionais e do mercado.


Restaurante Chez Bernad - Salvador
11 - Um prato que tirou aplausos seus?

Vou citar dois, que tive o prazer de experimentar no início deste ano no francês Chez Bernard, um dos restaurantes mais tradicionais de Salvador: ostra empanada com farinha de brioche e tapioca marinada e fetuccine de palmito pupunha a carbonara com trufas. Os pratos fizeram parte do menu Fraternité, concebido a quatro mãos pelo chef da casa, Rui Carneiro, e o irmão dele, Geovane Carneiro, do DOM. É uma lembrança inesquecível e cruel, porque foi um evento único, não vou poder comer de novo.


Teresa Paim, Edinho Engel e Beto Pimentel
12 - Hoje quais são os chefes que se destacam no mercado gastronômico brasileiro, na sua opinião?

Além de você?! :-) Falar de Brasil é muita responsabilidade, hein? Se me permite puxar a brasa pra minha sardinha, vou citar três dos mais respeitados aqui na Bahia: Tereza Paim (Terreiro Bahia), Edinho Engel (Amado) e Beto Pimentel (Paraiso Tropical).


13 – E um chefe revelação?

Ainda com o olhar voltado pro mercado baiano, aposto minhas fichas em Vinícius Figueira, do Bistrot Du Vin. Ele tem só 24 anos, mas tem muita visão e uma maturidade profissional que não vejo em muitos veteranos. Isso, além de ser inventivo. Acho que ainda vai longe.


Dani me confindeciou que o seu
 maior incentivador è o Maridão
14 - Dentro de um evento onde é trabalho e onde é prazer?

Num evento de gastronomia, a fronteira entre essas duas coisas é muito tênue, mas sempre que é possível procuro estabelecê-la. Se estou ali fazendo uma cobertura, o compromisso profissional fica em primeiro plano. Se é um convite informal, relaxo e me divirto. Já no caso de crítica gastronômica, visito os restaurantes anonimamente, com as despesas pagas pelo jornal, para ser o mais imparcial possível.


15 - Dentro daquilo que você se propôs a fazer o que não se aprende na faculdade?

Criatividade e sensibilidade. Faculdades nos ensinam as técnicas. A de jornalismo me ensinou a escrever de forma “objetiva”, a de gastronomia tem me ensinado a cortar e cozinhar da maneira “certa”. Mas é com criatividade e sensibilidade que a gente dá vida ao que faz, então sempre busco exercitar essas qualidades.


Na casa de sua mãe fazendo uma boquinha
16- O que torna a reportagem narrativa diferente da reportagem do jornalismo convencional?

Certamente é a liberdade que faz toda a diferença. Numa notícia convencional não dá para fugir muito do esquema “o que, quem, quando, onde, como e por que”. Numa reportagem sobre gastronomia, por exemplo, você fica livre para incluir impressões mais pessoais, contar “causos”, dar mais sabor ao que escreve.


17- Quando é difícil pra você escrever?

Quando não acredito.


Numa das maiores festas populares do Brasil
A Festa de Yemanjá
18- O que é pra você gastronomia?

Vejo a gastronomia como algo que caminha lado a lado com tudo que fazemos, está presente em toda a nossa rotina. A gastronomia é um dado cultural essencial, assim como a literatura, a música, as artes visuais. Comer e beber são atos que dizem muito sobre nós.


19 – Qual a sua receita de vida?

Porções generosas de amor e de humor pra suportar o dia-a-dia. Nunca deixar faltar coragem, Não ter medo de mudar.


20 – Pimenta e cominho, cheira ??

Hummm... e como cheira! Tem cheiro de cozinha pequena, mas acolhedora. Para não perder o trocadilho, diria que tem cheiro de sonho!

Até a Próxima entrevista...

 
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