domingo, 12 de dezembro de 2010

CENTÉSIMO POST - REALIDADE GASTRONOMICA DO BRASIL

Nossa!!!!!!! cheguei ao centésimo post, parece que foi ontem que comecei a blogar colocando aqui o que sinto em relação a nossa gastronomia.



Não imaginava virar um blogueiro, e nem tão pouco chegar no Nº100, agora está no sangue e está dificil parar e não quero parar.

No meu centésimo post quero compartilhar um texto de um Grande chefe de cozinha que além de tudo é meu amigo , ele fez uma viagem maravilhosa recentemente como chefe esepcialista da Expedição Citroen.

Dalton Rangel sintetizou muito bem sa realidade gastronomica do nosso Brasil.



TEXTO DO CHEFE DALTON RANGEL


O Brasil é um País rico em culturas e ingredientes para a gastronomia, mas infelizmente todo esse potencial não é traduzido em fartas opções de restaurantes tipicamente brasileiros e, mesmo regionalmente, é possível perceber que não há devida valorização aos produtos locais. O brasileiro tem como tendência a apreciar mais os produtos estrangeiros do que os que são produzidos na nossa terra e também a trazer ingredientes de regiões distantes, desperdiçando alguns produtos locais.


Se pegarmos o exemplo da França, cada região do país é caracterizada por fazer um tipo de produto com Excelência como, cassis, dijon, champagne… Estudando profundamente essas regiões concluímos que o trabalho que eles fazem é fruto de muita cultura e apreciação dos produtos produzidos por eles mesmos.



BARU
 Pegando o exemplo do Brasil, temos muitas regiões com produtos fantásticos e nem sempre bem aproveitados e usados para fazer uma gastronomia sustentável e de qualidade. No cerrado encontramos o pequi, jatobá, baru, cagaita,cajazinho,mangaba, entre outras muitas opções. No Matogrosso, a carne bovina, a carne de caca e os mais diversos peixes de água doce. Em minas o Ora-pro-nobis, a galinha caipira, o fubá feito artesanalmente. No Paraná, o pinhão. E por aí vai uma lista interminável de exemplos.


Nos 30 dias viajando com a Expedição AIRCROSS, constatei que o Brasil é muito carente de identidade gastronômica e de chefs ou cozinheiros capacitados. Encontrei muita dificuldade, na maioria das regiões visitadas, para descobrir os pratos típicos da região e sua procedência. Fiquei muito triste ao ver que os moradores de cada local não se importam com a cultura gastronômica de seus antepassados, deixando assim se perder grande parte da história gastronômica da região em troca de novas tendências modernas impostas pela cultura local.




PANTANAL
Foi triste ver que no Quilombo de Petar, onde há muita história e tradição de pratos com pescados da região serem substituídos por uma modesta comida mineira. Foi triste chegar no pantanal e ver que mesmo com o passar do tempo, eles não evoluíram suas receitas e continuam comendo apenas o simples arroz carreteiro, prato saboroso, mas que surgiu de uma necessidade dos tropeiros da região de usar produtos não perecíveis em suas longas viagens. Não há aproveitamento da riqueza e diversidade de ingredientes que o pantanal oferece.


ALDEIA TRITOPÁ
Na aldeia Tritopá, percebi que a alimentação é baseada em produtos da estação, complementada por cestas básicas e farinha de mandioca, que é produzida na própria aldeia. Infelizmente eles aproveitam pouco o cerrado ao redor da tribo para alimentação do povoado, assim deixando a gastronomia Xavante pobre em ingredientes.


Por outro lado, fiquei muito contente em conhecer a região de Mambaí (GO) e uma pessoa apaixonada pelo “Cerrado”, o Zuza. Ele me mostrou o cerrado de cabo a rabo e toda sua riqueza. Infelizmente existem poucas pessoas como ele e quase todos produtos do cerrado hoje em dia estão em extinção devido à ignorância dos fazendeiros que colocam fogo na mata para substituir por infinitas plantações de soja e criação de gado. A guariroba, por exemplo, que era muito presente no cardápio de Mambaí, entrou em extinção devido à extração indevida e irresponsável.


GOIAS VELHO
A região de Goiás Velho me deixou com muita esperança, pois pude ver que ainda existe uma mobilização local para a preservação dos produtos do “cerrado” e um trabalho muito grande por parte de pequenos produtores, fazendo da matéria-prima do cerrado, um produto final para o consumidor em forma de geleias, doces, castanhas prontas, farinhas e etc.


CANANEIA
Foi incrível provar as ostras de Cananeia e evidenciar o seu frescor e sabor delicado. Preparar um ceviche com ela e contar com a aprovação dos Expedicionários, sendo que grande parte não gostava de ostra ou nunca tinha comido, foi uma grande satisfação.


Da mesma forma, foi fantástico provar o churrasco Fogo de Chão de São Luís do Purunã; a tradicional comida mineira de Diamantina e o peixe fresco do Rio São Francisco.


A gastronomia não tem fronteiras ou limites. Cada um tem que buscar sua identidade e, em cima disso, tentar fazer o melhor possível. Se pararmos pra pensar que as primeiras massas foram feitas por chineses e não pelos Italianos, concluímos com a seguinte a veracidade da frase “nada se cria, tudo se transforma” e a gastronomia Brasileira está passando por esse momento de transformação agora.

Parabéns Dalton, parabéns Mariana, Mônica e Cláudio por nos ajudar a construir a história do nosso Brasil.

Eu só tenho que agradecer a todos que compartilham comigo esta aventura maravilhosa que é o nosso Brasil. Por isso é que falo essa panela não é só minha e sim NOSSA PANELA BRASIL.










 
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