sexta-feira, 12 de novembro de 2010

PIRARUCU DE CASACA- CULINÁRIA DA REGIÃO NORTE

REGIÃO NORTE


A região, que teve pouca influência das culturas negra e européia, conserva a cultura indígena em grande parte dos seus pratos, utilizando produtos naturais encontrados na fauna e flora da região amazônica.

A CULINÁRIA DA REGIÃO NORTE DO BRASIL

A herança indígena predomina em toda a região Norte. Com muitos rios, os peixes de água doce são muito presentes nos pratos. É a terra do pirarucu, uma das muitas espécies de peixes, que chega a pesar 300 quilos.

A mandioca aparece em muitas receitas. É utilizada de diversas maneiras: como tipos diferentes de farinha e no famoso tucupi (caldo da mandioca brava).A riqueza natural também traz frutas diversificadas para a mesa.






O açaí, por exemplo, é bastante versátil e pode ser utilizado em sucos e vitaminas, é comum ser acompanhado de farinha de mandioca ou até mesmo para complementar pratos com peixe.O café da manhã deles é calórico. Em geral, aparece a tapioca e coisas bem consistentes, como farofas de charque com farinha, de castanha-do-pará e de castanha-de-caju e banana. Não raro, canjica e mingau disputam a atenção com peixes na primeira refeição do dia.

Os cardápios tradicionais de almoço e jantar incluem caldeirada de vários tipos de peixe, o pato no tucupi e o tacacá. Na sobremesa, mundico-e-zefinha. Trata-se de um doce de cupuaçu gratinado com queijo de Marajó, feito com o leite da búfala.Aliás, o hábito do tacacá das cinco é muito comum. O caldo feito à base de tucupi, camarão seco e jambu (verdura típica da região que causa um leve adormecimento na boca) é tomado geralmente no fim da tarde. Nas barraquinhas de rua...

O peixe mais tradicional é o pirarucu, que pode chegar a 300 quilos. O cardápio da região Norte é repleto de ingredientes típicos. Terra do açaí, do cupuaçu e dos peixes amazônicos tem como marca registrada também o tucupi, o molho extraído da mandioca brava. A folha da mandioca (maniva) também é utilizada para preparar a famosa maniçoba (tipo de feijoada esverdeada que, além das carnes, leva maniva e fica sete dias no fogo brando cozinhando antes de chegar à mesa).




PIRARUCU DE CASACA
(um clássico da cozinha amazonense com influência portuguesa)

Ingredientes
- 2 postas de pirarucu ( +/-400 g) dessalgada
- 1 banana da terra cortada em rodelas e frita no azeite
- azeite doce o suficiente para grelhar
- 1 tomate sem pele, sem sementes e picado
- 1 cebola picada
- chicória do Pará picada
- coentro picado a gosto
- salsinha picada a gosto
- cebolinha picada a gosto
- 2 colheres (sopa) de vinagre branco
- 1 colher (sopa) de água

- 1 xícara de farinha de mandioca crua (uarini)
- 1 ovo cozido e picado
- 1 pimenta de cheiro bem picada
- azeite o suficiente para regar



Modo de Preparo
1º- Numa frigideira aquecida em fogo médio doure as 2 postas de pirarucu no azeite, até sua carne ficar toda cozida. Em seguida doure 1 banana da terra cortada em rodelas. Desfie o pirarucu.Reserve.

2º - Misture numa tigela 1 tomate sem pele, sem sementes e picado, 1 cebola picada, chicória do Pará picada, coentro picado a gosto, salsinha picada a gosto e cebolinha picada a gosto.

Dica : se não achar a chicória do Pará aumente a quantidade de coentro.

3º - Junte 2 colheres (sopa) de vinagre branco e 1 colher (sopa) de água para tirar acidez e em seguida a farinha de mandioca. Acrescente o pirarucu desfiado, o ovo cozido, a banana e a pimenta de cheiro, regue com azeite e corrija o sal.

INFORMAÇÕES SOBRE O PRATO

SOBRE O PEIXE PIRARUCU
1. O pirarucu (Arapaima gigas) é o maior peixe do Brasil, chegando a alcançar 2 m de comprimento e pesar 100 quilos.

2. Conta a lenda indígena que o pirarucu originou-se de um índio guerreiro, que, por ser muito mau, foi castigado por Tupã, que o transformou em peixe.

3. O pirarucu possui uma coloração avermelhada, daí a origem de seu nome em tupi "pira" (peixe) e "uruku" (vermelho).

4. A pesca é feita nos rios e lagos da Amazônia, com anzóis ou arpões. No período de novembro a março a pesca do pirarucu é proibida para permitir a desova.

5. Atualmente, existem criatórios destinados a reprodução do pirarucu (Nilson Carvalho/Tecnologia de Alimentos, INPA, comunicação pessoal).

6. A língua do pirarucu é utilizada para ralar o guaraná e as escamas para lixar unhas.

7. Sua carne é saborosa, e dela se fazem diversos pratos, muito apreciados, podendo ser usada dessecada (conhecida como pirarucu seco ou salgado), como o bacalhau, ou fresca.

8. Entre as diversas receitas destacam-se: pirarucu na brasa, pirarucu no leite de coco e pirarucu-de-casaca. Geralmente é acompanhado por arroz e farofa e molho-de-pimenta.

SOBRE A FARINHA UARINI
1. A farinha de uarini é considerada o caviar do gênero das farinhas. Vem do município amazonense de Uarini, sendo a principal base da sua economia.

2. No seu processo de produção, a mandioca amarela é colocada em água até apodrecer, quando então é chamada de Puba.

3. Espremida, peneirada e depois bem seca, a farinha que dela se origina é apelidada de ova ou ovinha, dependendo do seu tamanho e por sua semelhança com ovas de peixe.

4. Seus grãos são duros e precisam ser hidratados, para amolecerem, embora alguns amazonenses os comam in natura.

SOBRE A CHICORIA DO NORTE
1. A espécie Eryngium foetidum L., pertencente a família Apiaceae e encontrada em toda região Amazônica, é conhecida como chicória, também denominada de coentro selvagem em diversos países.

2. É espécie adaptada a altas temperaturas, umidade relativa e Chuvas,condições predominantes na Amazônia, requerendo solos pouco ácidos, com boa disponibilidade de água.

3. Na região Amazônica era mantida em quintais ou pequenas hortas, sem grandes cuidados culturais, havendo períodos em que as plantas morriam, vindo as sementes remanescentes a germinar alguns meses depois.

4. Atualmente, diversos olericultores regionais, vem cultivando comercialmente a espécie, utilizando-se de técnica de plantio que envolve semeio em sementeira e posterior transplantio para canteiros adubados com cama de aviário.



A LENDA DO PIRARUCU
Pirarucu era um índio que pertencia a tribo dos Uaiás que habitava as planícies de Lábrea no Sudoeste da Amazonia. Ele era um bravo guerreiro mas tinha um coração perverso, mesmo sendo filho de Pindarô, um homem de bom coração e também chefe da tribo.
Pirarucu era cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente orgulhoso de seu poder. Um dia, enquanto seu pai fazia uma visita amigável a tribos vizinhas, Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém índios da aldeia e executá-los sem nenhuma motivo. Pirarucu também adorava criticar os deuses.
Tupã, o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que cansado daquele comportamento decidiu punir Pirarucu. Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhase seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçú, a deusa das torrentes, e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre Pirarucú, que estava pescando com outros índios as margens do rio Tocantins, não muito longe da aldeia.
O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta. Quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ele somente as ignorou com uma risada e palavras de desprêzo. Então Tupã enviou Xandoré, o demônio que odeia os homens, para atirar relâmpagos e trovões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. Pirarucu tentou escapar, mas enquanto ele corria por entre os galhos das árvores, um relâmpago fulminante enviado por Xandoré, acertou o coracão do guerreiro que mesmo assim ainda se recusou a pedir perdão.

Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo foi o terror da região.

 
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